"Fico muito emocionada e muito feliz, pois nunca imaginei que construiria tudo isso. Ainda não acordei do sonho."
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Bernadete Nunes de Oliveira nasceu em Oliveira, Minas Gerais, e é a terceira de cinco filhos. "Minha família foi para São Paulo quando eu tinha 6 meses de idade. Vivi lá até os 38 anos", conta. De uma família simples, aos 13 anos já começou a trabalhar, mas não vê isso como algo ruim. "Sempre fui dona do meu nariz e me divertida com o trabalho", afirma sorridente.
Como diz minha mãe, que mulher precisava se virar. "Ela dizia: Mulher precisa saber fazer tudo, unha, cabelo." Então, teve seu primeiro contato com as perucas. "Minha avó fazia perucas, mas nada industrializado, ela brincava com isso. Convivi com minha mãe usando perucas. Cresci vendo minha mãe usar perucas, por vaidade.
Bernadete foi crescendo nesse meio, mas sempre trabalhando com outras coisas, apesar de mexer com cabelos. "Trabalhei em bancos, áreas de vendas, mas sempre trabalhando paralelamente com cabelo. Já estou nessa área há 23 anos", resume a empresária.
Um dia, por causa de uma experiência negativa em um salão de cabeleireiros, Bernadete quis aprender de verdade a fazer cabelos, e por isso buscou um curso na área. Terminado a curso, resolveu começar seu próprio negócio. "Montei um salão, e chamei minha irmã Luíza para me ajudar. Depois veio a outra irmã Valéria, e hoje meus irmãos Kleber e Rodrigo com a esposa Kelly também trabalham nesse ramo", conta. "Somos 5 irmãos, 4 trabalham comigo em Londrina, mais uma cunhada".
Trabalhando no salão, Bernadete se lembrou do quanto as perucas a fascinavam. "Eu era encantada pelo fato da peruca dar tantas possibilidades às pessoas. Ela pode ser Marilyn Monroe ou James Brown." E foi então que ela começou a trabalhar na área, sempre ouvindo as histórias e os palpites de sua mãe, que ainda se lembrava do trabalho da avó de Bernadete. Mas o seu trabalho ainda não estava completo, havia muito ainda para acontecer, e sua vinda para Londrina seria mais tarde.
Em uma festa, Bernadete conheceu o londrinense Théo, que se apaixonou por ela. "Nós nos conhecemos, começamos a namorar e quando ele se aposentou, convidou-me a conhecer Londrina. Ele queria vir para cá já que era daqui, mas eu não tinha muita vontade porque tinha minha empresa em São Paulo." Então, não aceitou a proposta de vir definitivamente para o Paraná, apenas vinha visitar o namorado depois que ele se mudou de vez para cá. Certo dia, em uma dessas visitas, Bernadete resolveu que iria ficar. "Volta e meia eu vinha visitá-lo e um dia resolvi ficar. Voltei para São Paulo, arrumei as coisas da empresa e vim morar em Londrina", conta. E mesmo que sua família não acreditasse na mudança, Bernadete ficou.
Mas ela não poderia ficar parada. Com uma experiência em São Paulo de dar inveja a qualquer um do ramo, Bernadete começou a divulgar seu trabalho entregando cartões. Tudo concorria para o sucesso. A primeira estada num salão na Rua Hugo Cabral e a amizade que fez com a jornalista Vanusa Macarini, que ficou sua cliente, foi o alavancamento decisivo, para o deslanche positivo. Esta pessoa foi um ombro amigo que se estendeu por um longo tempo. Logo, ela já estava trabalhando muitas horas e como a sala era apertada, então, mudou-se para o edifício Mônaco. "Montamos a sala cinco vezes maior do que a antiga. Nessa época, apareci na Folha de Londrina e precisamos alugar a sala ao lado para ampliar." E por quatro anos a empresária ficou ali, e a clientela aumentando cada vez mais de forma rápida. Recentemente, mudou-se para o endereço no qual está hoje, situado à rua Pernambuco, 840. "As duas salas ficaram pequenas diante da grande clientela. Hoje tenho um lugar maior, no centro, onde as pessoas têm maior comodidade, privacidade e estacionamento próprio", explica.
Bernadete se sente feliz e realizada pois seu trabalho pode trazer de volta esperança a muitas pessoas que talvez precisem das perucas por razão de doença ou trauma. "É emocionante quando você coloca o cabelo e a pessoa enche os olhos de lágrimas. Fico feliz com o reconhecimento e a satisfação de realizar um trabalho que deixa as pessoas mais alegres", conta. Com as idas regulares às exposições em São Paulo, cidade da qual não se afastou, muito pelo contrário, pois é lá a fonte para as novidades. Duas vezes ao ano com certeza e outras mais que se façam necessárias. Conseguiu lá a representação de um empresa estrangeira de confecção de próteses capilares, diferentes das perucas, que são para colocar e tirar, as próteses vieram para substituir o implante de cabelo, para homens e mulheres.
A empresária já teve oportunidade de fazer trabalho no exterior. "Em uma viagem a Londres, entendi por que razão meu trabalho foi além das fronteiras do país. É um trabalho realmente bem feito perto do que se vê por aí. Hoje, tenho clientes na Espanha, França e México", conta feliz.
Realizada em um casamento feliz, Bernadete conta com a ajuda do marido na parte financeira do salão. "Eu sempre soube ganhar dinheiro, mas não guardá-lo e investir", explica. Mas isso é apenas um detalhe na relação do casal. "Eu e meu marido somos bem diferentes, mas nos completamos. Gostamos de estar juntos", derrete-se. Bernadete e Théo saem todas as quartas para um cineminha a dois, quinta tem dança, e sempre que podem fazer programas diferentes. "O único dia que não saímos é o domingo, para descansar."
Bernadete entende que as dificuldades por que passou fizeram-na crescer. "Desde o dia em que saí de São Paulo, minha vida fluiu. Tive dificuldades, mas sem nenhum tropeço. Além de ver minha família toda envolvida nesse meu projeto, minhas irmãs e meus irmãos trabalhando, hoje posso empregar muitas pessoas e dar oportunidade a quem precisa."
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