"O lema da minha vida se define pela palavra "kibou" que em japonês significa: Se você tem paciência e esperança terá tudo na vida. É a fé na construção de uma vida futura".
|
|
Sapiência e virtuosidade. Dons peculiares do povo japonês tão bem retratados nesta mulher que, aliados à sabedoria de uma cultura milenar, moldaram a esposa, mãe, avó e advogada londrinense - Shiroko Numata. Em 1964 formou-se em Direito pela então Faculdade Estadual de Direito de Londrina, atual Universidade Estadual de Londrina.Sua família é atualmente constituída pela filha Denise Numata Panisio, o genro Sandro Panisio e os netinhos (gêmeos) Caio Yuuki e Amanda Shiroko.
Shiroko é a mais velha de quatros filhos do casal de lavradores Teisaku e Toshiko Numata.
A mãe Toshiko Numata, atualmente com 91 anos, é bastante ativa e desfruta, com alegria e orgulho, a companheira da filha. O pai, Teisaku Numata, falecido em 1992, foi uma forte referência na vida de Shiroko: "Meu pai foi presidente da colônia japonesa e um dos poucos emedalhados pessoalmente pelo Imperador do Japão, com cerimônia realizada no Palácio Imperial. Era bastante prestigiado, e chegou a acumular, concomitantemente, sete cargos de presidência de entidades nipônicas na cidade de Londrina e no Norte do Paraná. Ele foi meu esteio, minha base e meu companheiro de todas às horas", relembra.
Todos os momentos da vida de Shiroko convertem-se em um grande aprendizado. Nenhum detalhe lhe foge à atenção. Tudo e todos merecem o mesmo carinho e consideração.
E quanto à advocacia, esta não foi uma profissão escolhida aleatòriamente. Desde sua primeira infância, a partir de quatro anos de idade, já tinha o objetivo de ser advogada, e, ainda no primeiro ano primário, quando foi questionada pela professora sobre qual a carreira almejada, de pronto já manifestou seu interesse e entusiasmo pelo Direito. "Na minha formatura da Faculdade minha professora do primário foi convidada e ela disse:" Shiroko, entre os 50 alunos da sua turma que eu perguntei no primeiro dia de aula, sobre qual a profissão que iriam seguir, você foi a única que conseguiu atingir o objetivo".
A jovem advogada enfrentou muitos preconceitos na carreira, especialmente por ser de origem japonesa e por ser mulher, em uma época que o Brasil vivia em sociedade patriarcal e machista. Contudo jamais se intimidou especialmente após presenciar o ato de um Magistrado que, na época, era muito rígido. A postura ética e o ensinamento daquele Juiz foi fundamental para que Shiroko nunca se sentisse constrangida ao adentrar nos ambientes masculinos. "Estávamos julgando um caso de sedução. O doutor Ulisses da Silveira Lopes, mais tarde Desembargador do Judiciário do Estado do Paraná, pediu ao meu cliente que contasse tudo. O meu cliente disse que não poderia contar na frente dessa senhora (na época eu tinha 24 anos). O juiz então retrucou: "Estou vendo só advogados e na advocacia não existem diferenças entre homens e mulheres..."
Shiroko é assim: nobre, sábia, ética e batalhadora; de uma grandeza ímpar e possuidora de olhar sublime que cristaliza o orgulho e irradia a alegria que sente ao doar-se aos seus, especialmente aos netinhos, sua atual paixão!
É realmente uma pessoa iluminada. "Fui profissional e esposa, com dupla jornada, mas isso só me fortaleceu! Nunca perdi a esperança e a fé. Sou uma pessoa muito positiva e penso que isso é uma virtude porque se eu não for positiva como poderei recepcionar e carregar os problemas dos meus clientes e solucioná-los. Eu nasci para isso", comenta a advogada.
Recentemente, Shiroko conta que se emocionou muito com seu genro Sandro que é considerado mais que um filho - é seu amigo, seu confidente: "Estávamos viajando a trabalho. Disse a ele que os anos passam rápido, que eu já estou na terceira idade e que daqui a pouco estarei na velhice. Aí ele se voltou para mim e completou: 'Não tenha medo de envelhecer. Envelheça com serenidade. Eu e a Denise estaremos aqui para amparar a senhora no que for preciso. Estou preparado!. Fique tranqüila". Fiquei emocionada e sinto que tenho a real felicidade de poder envelhecer em paz, harmonia e tranqüilidade", conclui.
Shiroko também não deixa de partilhar a lembrança de seu grande e tão amado companheiro - Fagundes Barnabé, cartorário do 2º Ofício Civil em Londrina, falecido em 2006. "Foram 31 anos de momentos únicos e inenarráveis. Ele era uma pessoa fantástica. Um professor e mestre em todos os aspectos da vida, que me abriu as portas, me protegeu , transmitindo ensinamentos valiosos para o engrandecimento interno , de natureza pessoal e profissional. Fui imensamente feliz ao seu lado. Tive a sorte de conhecer o tão almejado 'verdadeiro amor' e vivi este sentimento de uma forma plena, integral, na certeza de que conviver com ele foi uma dádiva e privilégio. De todo aprendizado só um conselho às jovens senhoras: tratem seus maridos com muito respeito, dedicando-lhes olhares ternos e carinhosos como a uma criança; em dedicação integral, sendo sua cúmplice e amiga, e não briguem por coisas pequenas - a vida é muito breve e não perdoa desperdícios. Reverenciem as individualidades pois só assim poderão viver um grande amor".
E para esta guerreira o dia se inicia com a celebração de um lindo e prazeroso ritual: todas as manhãs, ao lume de uma vela e com respeitosa reverência, pede encorajamento para vai cumprir a sua missão: "Ajoelhada em frente ao meu altar japonês, agradeço por tudo e por todos e peço pelos meus. Olho para as imagens daqueles que já se foram e as lindas lembranças fazem me sentir acalentada, protegida...e, enfim, sinto-me viva, feliz e preparada para o novo dia..." o que leva a agradecer pelo que está reservado pra aquele dia e pede encorajamento para cumprir a sua missão.
|